terça-feira, 27 de abril de 2021

Desafio Literário: De Livro para as Ilhas

Chegou o desafio que todos os insulares e viajantes presos pela pandemia esperavam: VAMOS CELEBRAR AS ILHAS!

Com tantos desafios sobre ler livros nacionais (todos eles super necessários), eu e a @angiexreads notamos falta de um voltado para as ilhas. Um desafio que celebrasse não só os autores das ilhas, como também todo o trabalho desenvolvido nas ilhas e sobre elas.

Então o que te trará este projeto? Recomendações literárias, curiosidades sobre as ilhas, entrevistas e até receitas típicas dos arquipélagos (porque nós não vivemos só de livros, também é importante encher a barriguita).

E o que precisas de fazer para participar? Ler livros sobre as ilhas, passados nas ilhas ou de autores insulares e partilhar as tuas leituras connosco. Além disso, poderás também participar em vários desafios que vão ser lançados ao longo das próximas semanas e que te darão a oportunidade de amealhar pontos para um sorteio a realizar no último mês do projeto!

Estás pronto para viajar até às ilhas connosco? Marca aí no calendário: de 1 de maio a 31 de julho viajas para as Ilhas!

Vá, podes ir fazendo a tua mala virtual porque dia 1 já te apresentamos o primeiro ponto do itinerário desta aventura 😉


A inscrição não é obrigatória, mas ajuda-nos a saber que estás a participar no desafio, por isso, preenche ESTE formulário de participação caso pretendas juntar-te ao desafio.

Além de leres e divulgares a literatura das ilhas poderás participar em vários desafios que serão lançados ao longo das próximas semanas.

Por cada livro lido e desafio completado receberás pontos que se converterão em entradas para um sorteio final.

Podemos contar contigo para esta aventura?

Com amor, Brenda

sábado, 10 de abril de 2021

Ilha-América | Almeida Maia

Sinopse: Em 1960, as ilhas atlânticas dos Açores são o centro do mundo. Numa noite iluminada, um vulto adolescente invade a pista do aeroporto internacional e aguarda que um Lockheed Super Constellation acelere as quatro hélices. O seu plano é alcançar o trem de aterragem dianteiro, trepar a altura de dois homens e enfiar-se no vão da roda. Depois, aguardar que a aeronave suba e confiar que haja espaço para si, para o enorme pneu e para o sonho de chegar à América. Confere os três papos-secos nos bolsos, limpa as mãos na tee-shirt e respira fundo duas vezes. Está pronto a lançar-se a uma nova vida. Nos anos auspiciosos da história da ilha de Santa Maria, o aeroporto, construído pelos americanos no final da Segunda Grande Guerra, sob a aprovação de António Salazar, torna-se a principal escala técnica para a maioria dos voos transatlânticos de grandes companhias aéreas e oferece oportunidades de trabalho preciosas a todos os açorianos.
Compra o livro: Letras Lavadas | Wook | Bertrand

Em primeiro lugar deixo um agradecimento especial ao autor, Pedro Almeida Maia, e à Letras Lavadas pela cedência do exemplar de Ilha-América para opinião literária honesta!

Neste seu quinto livro publicado, Almeida Maia apresenta-nos uma história ficcionada com base em relatos verdadeiros da emigração ilegal açoriana.

Com uma narrativa diferente de A Viagem de Juno (livro que li e recomendo sempre que posso), Almeida Maia traz-nos a história de Mané, um passageiro clandestino do século passado que partiu rumo à América no vão da roda de um Lockheed Super Constellation.

Ilha-América é um livro que se lê num piscar de olhos.


Em Ilha-América aprendemos a ver as ilhas pequenas de outra perspetiva, percebemos o preço das decisões impulsivas da juventude, o preço dos sonhos mal pensados e aprendemos também a ver a América dos olhos de um jovem sonhador nos anos 60 que assiste aos glamourosos filmes de Hollywood no cinema do Aeroporto.

Já conhecia esta história desta viagem no vão da roda, contada pelo meu pai das aventuras do tempo do Aeroporto, mas vê-la no papel, uma história que aconteceu na minha ilha contada com tanto cuidado e dedicação...! Não há palavras suficientes para explicar o orgulho de ver em livro uma história de um tempo que não deve ser esquecido, de um tempo em que embarcar na roda de um avião parecia melhor fado que ficar num Portugal de Salazar, melhor do que não viver na terra das oportunidades e do glamour.

Não vivi naquela época, não conheci os tempos de glória da Little America, mas Almeida Maia conseguiu-me transportar para o tempo em que a história decorre através das descrições em termos socioeconómicos, culturais e até climáticos, notando-se uma vasta pesquisa nesse sentido. Mas aquilo que me ajudou principalmente a posicionar na história foram as descrições que despertam os sentidos com referências à cozinha tradicional mariense, aos cheiros e às pérolas musicais da época.

Apesar do autor nos ativar todos os sentidos com as suas descrições, as referências musicais foram aquilo que mais contribuiu para este livro ter o impacte que teve em mim!

À medida que fui sabendo o que o Mané estava ouvindo tornou-se tão fácil conseguir posicionar-me no ambiente da história e gostei tanto disso! Até criei uma playlist para ouvir enquanto lia, como se estivesse ao lado do Mané a ouvir o que ele estava a ouvir. Quem tiver interesse pode ouvir a playlist AQUI.

Ilha-América mostra como a ligação entre duas artes, que são a música e a literatura, pode transformar uma leitura tão mais impactante e enriquecedora, dando, na minha opinião, um perfeito Adagio in libri , projeto organizado pela Words à la Carte (canal, instagram) e Shadow Frozen (instagram)!


E agora a resposta à pergunta milionária que sei que vai na cabeça de todos a quem importunei para ler A Viagem de Juno "Mas supera o teu amor por A Viagem de Juno?" São livros muito diferentes para poder comparar (um faz-nos viajar para o passado e outro para o futuro, um é uma distopia e o outro um romance) e não consigo escolher porque apesar de adorar distopias, Ilha-América conquistou um lugarzinho especial no meu coração por ser um livro que imortaliza uma história que se passou na minha ilha! Por isso olhem, não consigo escolher um favorito, leiam os dois.

Classificação: ★★★★★ (4,5/5)

Com amor, Brenda