domingo, 13 de março de 2011

História do piloto e do rapaz da esplanada

"
           O sol já ia alto na ilha de Santa Maria. A esplanada do aeroporto está repleta de pessoas.
           Um rapaz está no seu lugar, mesmo no centro da esplanada. Observa a “paisagem”, olhando as raparigas com interesse, acenando aos amigos e trocando alguns sorrisos com outras pessoas que o rodeiam. Por cima deste cenário, uma voz informa que o avião “BC-1995” parte em minutos. Infelizmente, naquele voo, só vai o rapaz da esplanada, mas ele parece indiferente ao comunicado... A vozinha, repete, repete e volta a repetir o comunicado mas o rapaz continua indiferente. Por vezes mostra interesse mas essa atenção é roubada pelas raparigas que passam e o anúncio do voo parece ser rapidamente esquecido…
           O piloto do avião cansa-se de esperar e pensa seriamente em partir. O tempo urge e o rapaz continua na esplanada. Será que ele irá ficar lá para sempre a fazer olhos às raparigas que passam ou irá entrar no avião e ser o único passageiro?! A decisão depende dele...
            O piloto sou eu! O rapaz és tu! Entras no meu avião ou ficas na esplanada? " ;)
( Brenda F. RCabral)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dentro do teu bolso
Vivo fechada numa vida,
que não era para ser minha.
Sinto-me perdida,
frustrada, sozinha!
-
Guardaste-me no bolso,
para que esperasse por ti,
passou-se imenso tempo,
e continuo aqui.
-
Brincas com quem queres,
e esperas que te continue a amar,
continuo aqui no bolso,
espero que me venhas buscar.
-
O amor tornou-me estúpida,
cega ao ponto de esperar... e esperar...
Mas não é mesmo assim o amor?
Com ou sem sentido, é inevitável lutar!
-
Por favor, tira-me do bolso,
para contigo ser feliz.
QUERO-TE comigo!!
És tudo o que sempre quis!!
--
;) BCF
--
(Brenda Cabral)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

    As minhas memórias
    Outrora, eu era uma menina de cabelos loiros e olhos azuis.
    Sempre fui tímida e simpática. Apesar dessa timidez, tinha muitos amigos.
    Lembro-me da minha primeira paixão. Ele era fisica e psicologicamente como eu.
    Recordo-me que, logo no primeiro dia, fiz amizade com ele, pois foi o único que me fez entender que a minha mãe não me tinha abandonado no mar da Vida, que só me tinha deixado no local onde aprendia a "nadar", para que, mais tarde, não me afogasse.
    Foi amor à primeira vista.
    Após esse episódio, fomos arranjando outros amigos e perdemos o contacto. Passaram-se 42 anos desde então.
    Há uma semana descobri que se tinha casado e que era engenheiro ambiental. Eu também me casei. Com o meu emprego de bióloga marinha consegui ter uma boa estabilidade financeira, o que me permitiu formar uma grande família.
    Seguimos caminhos muito diferentes, mas sei que ficaremos para sempre marcados pelas nossas conversas sobre o grande mar da Vida, onde tive de nadar muitas vezes para ter a profissão que tenho.


Autora: Brenda Cabral
Revisora: Professora Generosa Almeida

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Crónica

O banco da solidão
        Estavam os dois sentados num banco de jardim, separados por uma velha senhora.
        O rapaz era baixo e atraente. A rapariga, alta e bonita. Ambos com olhares expressivos, mas de cores distintas.
         A velha senhora levantou-se e caminhou para o táxi.
       Naquele momento, os olhares do casal cruzaram-se, espantados por só nesse momento se encontrarem. Tudo pareceu completar-se. O mundo abrandou o ritmo só para contemplar aquele momento glorioso, onde a solidão, por momentos, deixara de existir. O chilrear dos pássaros era acompanhado pela batida delirante dos corações apaixonados.
       Foi nesse momento que percebi o quanto é importante sermos solidários uns com os outros, pois com um simples olhar ou sorriso, podemos confortar alguém e até talvez encontrar uma pessoa que nos tire da solidão.   

Autora: Brenda Cabral
Revisora: Professora Generosa Almeida
- Ando sem paciência para escrever poemas. Todavia, tenho lido bastante e entre as minhas leituras encontrei este texto que achei interessante. Espero que gostem! "O Primeiro Amor

É fácil saber se um amor é o primeiro amor ou não. Se admite que possa ser o primeiro, é porque não é, o primeiro amor só pode parecer o último amor. É o único amor, o máximo amor, o irrepetível e incrível e antes morrer que ter outro amor. Não há outro amor. O primeiro amor ocupa o amor todo.


Nunca se percebe bem por que razão começa. Mas começa. E acaba sempre mal só porque acaba. Todos os dias parece estar mesmo a começar porque as coisas vão bem, e o coração anda alto. E todos os dias parece que vai acabar porque as coisas vão mal e o coração anda em baixo.

O primeiro amor dá demasiadas alegrias, mais do que a alma foi concebida para suportar. É por isso que a alegria dói - porque parece que vai acabar de repente. E o primeiro amor dói sempre demais, sempre muito mais do que aguenta e encaixa o peito humano, porque a todo o momento se sente que acabou de acabar de repente. O primeiro amor não deixa de parte um único bocadinho de nós. Nenhuma inteligência ou atenção se consegue guardar para observá-lo. Fica tudo ocupado. O primeiro amor ocupa tudo. É inobservável. É difícil sequer reflectir sobre ele. O primeiro amor leva tudo e não deixa nada.

Diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. Há amores maiores, amores melhores, amores mais bem pensados e apaixonadamente vividos. Há amores mais duradouros. Quase todos. Mas não há amor como o primeiro. É o único que estraga o coração e que o deixa estragado.

É como uma criança que põe os dedos dentro de uma tomada eléctrica. É esse o choque, a surpresa «Meu Deus! Como pode ser!» do primeiro amor. Os outros amores poderão ser mais úteis, até mais bonitos, mas são como ligar electrodomésticos à corrente. Este amor mói-nos o juízo como a Moulinex mói café. Aquele amor deixa-nos cozidos por dentro e com suores frios por fora, tal e qual num micro-ondas. Mas o «Zing!» inicial, o tremor perigoso que se nos enfia por baixo das unhas e dá quatro mil voltas ao corpo, naquele micro-segundo de electricidade que nos calhou, só acontece no primeiro amor.

O primeiro beijo é sempre uma confusão. Está tudo a andar à volta e não se consegue parar. A outra pessoa assalta-nos e deixa-nos tontos, isto apesar de ser tão tímida e inepta como nós. E os nomes dos nossos primeiros amores? Os nomes doem. Parecem minúsculos milagres. Cada vez que se pronunciam, rebenta um pequeno terramoto no equador. E as mãos? Quando a mão entra na mão de quem se ama e se sente aquele exagero de volts e de pele, a única resposta sensata é o assassínio, o exílio, o suicídio. Nada fica de fora. O mundo é uma conspiração cinzenta de amores em segunda mão. Nada é puro fora daquelas mãos. O tesouro está a arder, as pessoas estão a morrer, os olhos cheios de luz estão a cegar, mas o primeiro amor é também, e sem dúvida, o primeiro amor do mundo.

O primeiro amor é aquele que não se limita a esgotar a disposição sentimental para os amores seguintes: quer esgotá-la. Depois dele, ou depois dela, os olhos e os braços e os lábios deixam de ter qualquer utilidade ou interesse. As outras pessoas - por muito bonitas e fascinantes que sejam - metem-nos nojo. Só no primeiro amor.

Não há amor como o primeiro. Mais tarde, quando se deixa de crescer, há o equivalente adulto ao primeiro amor - é o primeiro casamento; mas não é igual. O primeiro amor é uma chapada, um sacudir das raízes adormecidas dos cabelos, uma voragem que nos come as entranhas e não nos explica. Electrifica-nos a capacidade de poder amar. Ardem-nos as órbitas dos olhos, do impensável calor de poder-mos ser amados. Atiramo-nos ao nosso primeiro amor sem pensar onde vamos cair ou de onde saltamos. Saltamos e caímos. Enchemos o peito de ar, seguramos as narinas com os dedos a fazer de mola de roupa, juramos fazer três ou quatro mortais de costas, e estatelamo-nos na água ou no chão, como patos disparados de um obus, com penas a esvoaçar por toda a parte.

Há amores melhores, mas são amores cansados, amores que já levaram na cabeça, amores que sabem dizer «Alto-e-pára-o-baile», amores que já dão o desconto, amores que já têm medo de se magoarem, amores democráticos, que se discutem e debatem. E todos os amores dão maior prazer que o primeiro. O primeiro amor está para além das categorias normais da dor e do prazer. Não faz sentido sequer. Não tem nada a ver com a vida. Pertence a um mundo que só tem duas cores - o preto-preto feito de todos os tons pretos do planeta e o branco-branco feito de todas as cores do arco-íris, todas a correr umas para as outras.

Podem ficar com a ternura dos 40 e com a loucura dos 30 e com a frescura dos 20 - não outro amor como o doentio, fechado-no-quarto, o amor do armário, com uma nesga de porta que dá para o Paraíso, o amor delirante de ter sempre a boca cheia de coração e não conseguir dizer outra coisa com coisa, nem falar, nem pedir para sair, nem sequer confessar: «Adeus Mariana - desta vez é que me vou mesmo suicidar.» Podem ficar (e que remédio têm) com o savoir-faire e os fait-divers e o «quero com vista pró mar se ainda houver». Não há paz de alma, nem soalheira pachorra de cafunés com champagne, que valha a guerra do primeiro amor, a única em que toda a gente morre e ninguém fica para contar como foi.

Não há regras para gerir o primeiro amor. Se fosse possível ser gerido, ser previsto, ser agendado, ser cuidado, não seria primeiro. A única regra é: Não pensar, não resistir, não duvidar. Como acontece em todas as tragédias, o primeiro amor sofre-se principalmente por não continuar. Anos mais tarde, ainda se sonha retomá-lo, reconquistá-lo, acrescentar um último capítulo mais feliz ou mais arrumado. Mas não pode ser. O primeiro amor é o único milagre da nossa vida - e não há milagres em segunda mão. É tão separado do resto como se fosse uma primeira vida. Depois do primeiro amor, morre-se. Quando se renasce há uma ressaca. É um misto de «Livra! Ainda bem que já acabou!» e de «Mas o que é isto? Para onde é que foi?».

Os outros amores são maiores, são mais verdadeiros, respeitam mais as personalidades, são mais construtivos - são tudo aquilo que se quiser. Mas formam um conjunto entre eles. O segundo e o terceiro e o quarto, por muito diferentes, são mais parecidos. São amores que se conhecem uns aos outros, bebem copos juntos, telefonam-se, combinam ir à Baixa comprar cortinados. O primeiro amor não forma conjunto nenhum. Nem sequer entre os dois amantes - os primeiros, primeiríssimos amantes. Acabam tão separados os dois como o primeiro amor acaba separado dos demais. O amor foi a única coisa que os prendeu e o amor, como toda a gente sabe, não chega para quase nada. É preciso respeito e bláblá, compreensão mútua e muito bláblá, e até uma certa amizade bláblá. Para se fazer uma vida a dois que seja recompensadora e sobretudo bláblá, o amor não chega. Não se vive só dele. Não se come. Não se deixa mobilar. Bláblá e enfim.

Mas é por ser insustentável e irrepetível que o primeiro amor não se esquece. Parece impossível porque foi. Não deu nada do que se quis. Não levou a parte nenhuma. O primeiro amor deveria ser o primeiro a esquecer-se, mas toda a gente sabe, durante o primeiro amor ou depois, que é sempre o último.

Afinal nem é por ser primeiro, nem é por ser amor. A força do primeiro amor vem de queimar - do incêndio incontrolável - todas aquelas ilusões e esperanças, saudades pequenas e sentimentos, que nascem em nós com uma força exagerada e excessiva. Como se queima um campo para crescer plantas nele. Se fôssemos para todos os outros amores com o coração semelhantemente alucinado e confuso, nunca mais seríamos felizes. É essa a tristeza do primeiro amor. Prepara-nos para sermos felizes, limando arestas, queimando energias, esgotando inusitadas pulsões, tornando-nos mais «inteligentes».

É por isso que o primeiro amor fica com a metade mais selvagem e inocente de nós. Seguimos caminho, para outros amores, mais suaves e civilizados, menos exigentes e mais compreensivos. Será por isso que o primeiro amor nunca é o único? Que lindo seria se fosse mesmo. Só para que não houvesse outro. "

CARDOSO, Miguel Esteves, 2001. Os Meus Problemas. Lisboa: Asírio & Alvin (12.ª ed.)
O Espelho
--
Sinto-me presa no espelho
que tenho dentro de mim,
vejo aquele reflexo suspeito,
serei mesmo assim?
--
Um enigma que desconheço,
uma imagem por decifrar,
a infância recordada,
por aquele frio olhar ...
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Incorruptíveis olhos de água
na noite perdurável,
ando à deriva,
sou animal indomável.
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Olho de novo a imagem,
que permanece diante de mim,
nela identifico o medo,
que sempre existiu em mim.
--
--
--
Finalmente, reconheço-a,
é de alguém que conhecia,
eu já acreditava,
que o espelho não me mentiria.
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(Brenda Cabral)
O poema deste post é muito especial porque foi o meu primeiro poema. Foi feito numa aula de Português do 8ºano, na aula da Professora Margarida Rosa, num teste. O objectivo do exercício era: a partir de uma estrofe, criarmos o nosso próprio poema sobre o nosso fruto preferido. O poema seguinte é de Eugénio de Andrade, um grande escritor português.

Frutos
Pêssegos, pêras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música de meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do frutoque me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas:
tangerina, tangerina.
--
O poema que se segue, foi o poema que eu fiz inspirando-me no anterior.
Frutos
Após a guerra,
vem a bonança,
lá vem a maçã,
com a sua esperança.
--
Morango, morango,
fruto do verão,
é tão docinho,
que trás paixão.
--
Após a Primavera,
vem o Verão,
com ele vem a amora,
o fruto da sensação.
--
Maracujá, Maracujá,
o fruto da expressão,
é ele o conquistador,
do meu coração.
--
Com estas leves quadras,
quero deixar,
um forte aroma
destes frutos no ar.
--
Espero que tenhas lido
o poema com atenção,
pois quero que me digas,
o teu fruto de eleição.
--
--
--
--
--
--
Espero que tenhas gostado.
Saudade
Deste que te foste embora,
Sinto o Coração vazio.
Levaste o meu sol,
Sou vela sem pavio.
--
Completas cada traço de mim,
Sem ti, meu mundo atordoa.
O coração dói-me, está incompleto,
Volta... faz com que ele não doa.
--
Se contasse pelos dedos,
Os teus erros eram infinitos,
Mas como errar é humano,
Na minha mente ficam esquecidos.
--
Adoro a nossa amizade,
É tão grande como o mar,
Não é vazia, é Profunda,
És o ar que quero respirar.
--
Esta é uma declaração,
A melhor que já fiz,
Porque o meu maior erro,
Foi Nunca ser feliz!
--
(Brenda Cabral)
A Brisa dos teus Sonhos
Sente a vida,
Como na primeira vez,
Avança da partida,
Para venceres talvez.
-
Uma brisa quente,
Faz-te escaldar,
Olha em frente,
Continua a sonhar.
-
Sê feliz ao sonhar,
Enquanto a brisa te acaricia a cara,
Dez beijos efervescentes,
Sentes que ninguem de pára.
-
Luta pelos sonhos,
Contra a ventania,
Percorre cem mil mundos,
Todos eles num só dia.
-
O vento passa triste,
Com vontade de chorar,
Vês a realidade,
Páras de sonhar.
-
Abres os olhos,
Expiras o ar,
Insistes na utopia,
Deixas-te cativar.
-
O Horizonte é o limite,
Continua a imaginar,
O vento extasia-te,
Continua a acreditar...
--
(Brenda Cabral)
Felicidade
--
Mantém os pés no chão,
Quando a cabeça voa,
Chega ao mundo fantasia,
Onde serei sempre tua.
--
Não voes demasiado alto,
Com essa esperança de alcançar,
Aquele mundo de sorrisos,
Aquele... onde me irás abraçar!
--
Tira as asas do anjo,
Estou tão perto de ti,
Olha para o teu peito,
Sim! Sim! Estou mesmo aí!!

--
(Brenda Cabral)
Coração Partido
--
Coração partido,
Princesa na Tipóia,
Sentimento Reprimido,
Elefante na Jibóia.
--
A distância que separa,
O amor correspondido,
Lágrima derramada,
Um sussurro ao ouvido.
--
O último sorriso,
O último olhar,
A palavra de aviso,
A noite ao Luar.
--
Um coração lascado,
Deixa de brilhar,
Mas um tocado,
É o Sol a cintilar!!
--
(Brenda Cabral)
O que te faz feliz??
Um olhar apaixonado,
Um sorriso amigável,
Gargalhadas infinitas,
Um gesto amavél??
--
Uma Noite de trovoada,
Uma chuva relaxante,
Um vento monocórdico,
Um arco-íris apaixonante??
--
Será isso que te faz feliz??
--
Uma criança impondérável,
Um adulto em movimento,
Uma paixão correspondida,
Alguém no pensamento,
--
O galope do cavalo,
O voo da borboleta,
O salto da rã,
A areia na ampulheta??
--
Será isso que te faz feliz??
--
Um céu azul,
Um mar profundo,
As cores a ganharem vida,
Neste magnifico mundo??
--
Isto será o sufienciente para seres feliz...??
--
(BRENDA CABRAL)
Tu
O teu rosto acolhedor,
O teu sorriso cintilante,
O teu perfume tentador,
A tua voz cativante.
--
As tuas palavras agradáveis,
O teu olhar hipnotizante,
O teu charme incomparável,
A tua voz confiante.
--
Não consigo resistir,
Quero por ti ser mordida,
Para ficar com o teu veneno,
No meu sangue toda a vida.
(Brenda Cabral)