segunda-feira, 2 de junho de 2025

Um Mês de Açores - Entrevista à autora Iara Andrade

Olá, olá!

Chegou a primeira entrevista do desafio “Um Mês de Açores”! Hoje dou-vos a conhecer a obra de uma autora açoriana que acabou de lançar o seu primeiro livro: a Iara Andrade.

A Iara é da ilha do Pico e escreveu Amor que nos Corrói, um thriller publicado em novembro pela Nova Geração.



Já tive a oportunidade de ler o seu livro e posso dizer que fiquei muito surpreendida com a história que, apesar de ter os seus clichés, me fez ter ranço de algumas personagens e adorar outras (que nem dava nada por elas no início!).

Desejo muito sucesso à autora e estou ansiosa para acompanhar os seus próximos trabalhos.

A Iara estará na Feira do Livro de Lisboa no dia 22 de junho.

Mas por agora, fiquem a conhecer um pouco mais da autora:

1. Como te sentes agora que o teu livro está nas mãos (e estantes!) dos leitores?

É um misto de felicidade e ansiedade. Por um lado foi o concretizar de um sonho, mas por outro, estou constantemente preocupada com a opinião que os leitores vão ter acerca do livro. Já existe tanta coisa no mercado, existem tantos autores, os leitores já têm os seus autores favoritos e já têm bem explícito o que gostam e o que odeiam, e isso mexe com a minha parte nervosa, porque mesmo que saiba que não vou agradar a todos, a verdade é que o ser humano quer sempre agradar. Porém, estou orgulhosa e muito grata.


2. Como surgiu a ideia para este livro? Houve algum evento ou inspiração específica que desencadeou o processo criativo?

Se disser que me inspirei em traições conjugais que existiam à minha volta, vais acreditar? Porque inicialmente foi isso mesmo que inspirou o plot principal do livro. Um casal de amantes que acaba por sofrer na pele as consequências dos seus atos duvidosos. Era poético, poder castigar as pessoas que têm atitudes com as quais não me identifico, nas páginas de um livro. Mas confesso que isso durou cerca de uns meses. Depois visitei a ilha de São Jorge, e numa das fajãs, tive uma ideia bem clara do que queria que fosse a relação da Mallory e do William. E que acima de qualquer preconceito que tenho contra quem trai, queria, essencialmente, compreender todos os lados de uma história. Porque nem tudo na vida é preto no branco. Existem camadas, e eram essas mesmas que queria entender e explorar, ao colocar-me no lugar de todas as minhas personagens.

3. O que é que os leitores podem esperar de Amor que nos Corrói?

Acho que inicialmente vão achar que é um livro convencional, com algumas coisas óbvias ao longo do plot, mas depois, vão chegar ao final e perceber que afinal nada era como estavam a pensar. Portanto, esperem o inesperado.


4. Qual foi o maior desafio que enfrentaste durante o processo de escrita?

Vontade de escrever e respeitar prazos. A maioria das pessoas acha que escrever um livro é fácil. Eu achava isso. Agora que passei pelo processo, posso afirmar que de fácil não tem nada. No meu caso, sofro de ansiedade, tenho défice de atenção, e sou muito negativa. Haviam dias em que não me apetecia escrever; outros em que a inspiração não me batia à porta. Aliado a isso, sou péssima a lidar com deadlines. Quanto mais pensava nisso, menos escrevia. E em cima de tudo isso, estava o facto de ser extremamente exigente comigo mesma. Escrevi imenso e de repente, passei-me e apaguei metade dos capítulos. Além disso, escolhi escrever uma história com algum peso emocional, onde as personagens têm todas ligações complexas e marcadas pela fragilidade. Quando acabei de escrever, estava drenada psicologicamente.

5. Qual o teu autor e livro favorito?

Escolha difícil, mas entre Colleen Hoover , Tillie Cole e Alice Kellen. E os livros favoritos...bem, isso é ainda mais complexo, mas dou uma lista de 5 que estão para sempre no meu coração: Amor Cruel (CH), Isto Acaba Aqui (CH), Verity (CH), Mil Beijos (TC) e O Rapaz que Desenhava Constelações (AK).

6. Qual o teu sítio favorito para escrever?

Em casa, sem dúvida. É o sítio que mais conforto me trás, principalmente na cama. Mas confesso que a biblioteca municipal também revelou ser um sítio bastante cozy e tranquilo.

7. Tens alguma paisagem da ilha do Pico que te inspire particularmente?

Para ser sincera? Não. Isto pode parecer ingrato, e atenção que não é essa a minha mensagem, mas desde sempre que achei que não pertencia ao sítio onde tinha nascido, o Pico. Sempre senti que era uma "outsider", por isso talvez acabe por encontrar inspiração noutras paisagens e noutros sítios. Porém, e não me interpretem mal, mas só há pouco tempo aprendi a adorar a minha ilha e a minha "casa", e confesso que num dos próximos projetos, vou efetivamente, escrever sobre o trajeto de uma jovem adolescente da ilha do Pico. E, big disclaimer, existe um projeto, um pouco mais longínquo que passa pelo Pico e pelo impacto que teve e tem em mim, e na gratidão que tenho, por ter nascido e ter sido criada num sítio tão calmo e rico.

8. Para finalizar, que conselhos daria para outros escritores (açorianos) iniciantes que sonham em publicar seu primeiro livro?

Na minha opinião,que pode ser controversa, o mercado está cheio de autores e pseudo autores; isto é, há muita gente com talento que já lançou livros e existem outros tantos que também lançaram, mas não o deveriam ter feito. Hoje em dia, para lançar um livro, basta ter seguidores, uma ideia básica e dinheiro. As vanity permitem a muita gente o prazer de ver o seu nome numa estante da livraria, porém, nem todos o merecem. Existem muitos bons autores que ainda não viram o seu livro lançado, porque não lhes foi dada a oportunidade, porque não são "comerciais". E isto deixa-me bastante revoltada.
Portanto o meu conselho é: mantenham-se fiéis aos vossos valores, mantenham o vosso foco, e não desistam. Construam uma carapaça de ferro para vos blindar de comentários e experiências negativas. Escrevam com alma e construam uma história que vocês, enquanto leitores, gostariam de ler. Tirem tempo para mergulhar e aperfeiçoar os vossos manuscritos. Rodeiem-se de pessoas com capacidade crítica, e que sejam honestos quando confrontados com o vosso manuscrito e não se vendam por ideias pré-concebidas daquilo que é o mundo editorial. Agora, em específico para os autores açorianos, não se deixem abater pela ideia de que por estarem numa ilha não conseguem ir mais longe ou ter as mesmas oportunidades. Vincar no mundo editorial em Portugal é difícil. Giram as expectativas e o quão alto os vossos objetivos estão, aceitem as pequenas conquistas, porque elas vão vos ajudar a encontrar o vosso rumo. E nunca é tarde demais, acreditem.


Gostaram desta entrevista? Não se esqueçam de espreitar o instagram da Iara (@iara94andrade).

Esta entrevista foi feita no âmbito do desafio "Um Mês de Açores", um desafio que promove a divulgação de livros sobre as ilhas do arquipélago dos Açores, que se encontra a decorrer até dia 30 de junho.

Com amor, Brenda


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