Bom Tempo no Canal é o primeiro livro do autor Pedro Almeida Maia. Este livro foi-me gentilmente cedido pela editora Letras Lavadas para opinião literária.
Bom Tempo no Canal foi vencedor do Prémio Letras em Movimento.
Compra o livro: Letras Lavadas
Sinopse: A poderosa energia geotérmica acaba de chegar à ilha do Pico. John Mello é o impulsionador do projeto revolucionário. A sua experiência como drilling engineer faz dele o Diretor-Geral perfeito para a GEOZOR, empresa que lidera a exploração daquela energia renovável nos Açores. Mas algo corre explosivamente mal!A vida de John está ameaçada, presa por um fio e envolta numa conspiração contra a GEOZOR.Quem poderá estar por detrás da máscara?Quem poderá querer prejudicar uma energia limpa e fascinante?John só pode confiar num mero estranho que diz estar pronto a ajudá-lo.Numa alucinante corrida contra o tempo percorrem-se sendas tortuosas para descobrir quem engendra a conspiração.
Apesar dos policiais não serem o meu género favorito, reconheço que Bom Tempo no Canal foi um livro cheio de suspense, drama, com um rimo bastante acelerado em comparação com os restantes livros que li do autor (que têm um registo mais pausado e ponderado).
Achei que o ritmo da narração por vezes foi um pouco mais acelerado do que devia, provavelmente por ser o primeiro livro do autor e ainda estar a maturar a sua escrita. Um dos aspetos que mais se nota maturação, por comparação com o seu livro mais recente (A Escrava Açoriana) é precisamente a forma como se aprofunda o desenvolvimento de cada personagem e outros aspetos em moderação.
E, por isso, é que por vezes dei por mim a sorrir, porque o autor apresenta muitas particularidades açorianas, como denominação de lugares e doçaria tradicional, que para um "leigo" (entenda-se alguém que não conheça as ilhas e a sua gastronomia) até poderá ser interessante, mas para um açoriano poderá ser mais estranho, como por exemplo, a Ana fazer uma pausa para lanchar e ter de escolher entre comer uma queijada da vila ou uma da graciosa. Nessa hora quem é açoriano só pensa "És rica, Ana? Qual foi o rim que vendeste para comprar duas caixas de queijadas diferentes para poder escolher uma para LANCHAR?" 😹
Este livro está cheio de clichés açorianos e acho-o engraçado por isso. Claro que o lanche da Drª. Ana Silveira seria uma queijada de vila franca do campo ou da graciosa e que usaria bujuteria feita de basalto. E é óbvio que todos os nossos pequenos almoços são bolos levedos com doce de capucho e chá verde do Porto formoso. 😹😹 Acho engraçada a forma como o autor introduziu os alimentos e paisagens e, por isso, este livro constitui um tesouro para quem quer conhecer particularidades dos Açores sem ler os livros de Turismo (porque em como todos os livros do autor há uma componente de pesquisa extensa e muito informativa).
É tão bom assistir à evolução na escrita do autor, considerando os livros mais recentes que li, e como aprendeu a dosear a informação que transmite de cada vez (até falei nisto na opinião que dei do livro A Escrava Açoriana: lê a opinião).
Em suma, achei que Bom Tempo no Canal é um livro que retrata bem os Açores, com lindíssimas descrições da paisagem açoriana (que refletem bem o amor às nossas ilhas), é um livro que nos leva a viajar por várias ilhas dos Açores (São Miguel, Faial, Pico, Santa Maria) e facilmente poderia ser adaptado para série/filme porque conseguimos visualizar perfeitamente tudo o que é narrado.
