Sem querer descurar as outras pessoas que entrevistei neste projeto do "De Livro para as Ilhas", esta era a entrevista que mais queria trazer-vos. Daniel Gonçalves, natural da Suíça, poeta, professor de Português. Daniel encontrou na ilha de Santa Maria o seu cantinho e por cá vive há mais de 20 anos. Foi meu professor de Português no 12º ano e foi um grande impulsionador do meu gosto pela poesia e pela literatura no geral. Conheçam Daniel Gonçalves, o poeta que veio e ficou.
1. Daniel, porquê a ilha de Santa Maria?
Como escreveu Pessoa… “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Acredito que foi a ilha que me escolheu a mim: a terra, o mar, o céu e as pessoas. E depois a reacção que tudo isto faz em mim, todos os instantes.
2. Defina "poesia".
É como tentar definir morte, ou vida, ou amor. A poesia, se for além do que importa perceber, é um processo que se vive interiormente. É mais do que um género literário para mim. É cheirar as flores ausentes.
3. Escreve apenas quando as musas o inspiram ou tem alguma rotina de escrita?
É um trabalho. Uma escravidão voluntária. Uma necessidade e uma missão. Sou missionário do meu mundo, à procura da palavra que vale a pena fixar.
4. Escrever no papel ou no computador?
Por comodidade, no computador. Por necessidade, em qualquer suporte.
5. Há algum livro na gaveta de momento à espera de ser publicado?
O livro ELOGIO DA TRISTEZA que, na verdade, são os meus últimos seis livros inéditos, compostos entre 2016 e 2021.
6. Enquanto leitor, qual o género que predomina na sua estante?
Toda a literatura possível, mais poesia do que outra coisa qualquer. Alguma história e muitos livros sobre pintura.
7. Qual o seu sítio favorito para comprar livros?
Poesia na Poesia Incompleta, mas o meu coração pertence à Livraria Solmar.
8. Que livro recomenda sempre aos seus amigos?
Metamorfoses de Ovídio.
9. Qual o seu local favorito da ilha?
Malbusca. Foi lá que adormeci um dia sob um chão de poejo.
10. Dê-nos 3 motivos para visitar a ilha de Santa Maria.
Tranquilidade geral... a Biblioteca Municipal e São Lourenço.
11. Deixe umas últimas palavras a quem lê esta entrevista.
Cada vez mais tenho dificuldade em encontrar razões para publicar outro livro… e pode parecer estranho dizer isto depois de apresentar o meu mais recente projecto, mas a verdade é que ainda não sei se valerá a pena… a edição tornou-se banal e é cada vez mais difícil convencer o mundo de que a poesia faz falta para não nos deixarmos iludir com promessas de eternidade: a vida é breve e todo o instante é precioso.
Esta entrevista foi feita no âmbito do desafio "De Livro para as Ilhas", organizado com a @angiexreads, que se encontra a decorrer até dia 31 de julho e só precisas de ler livros sobre as ilhas dos arquipélagos dos Açores e Madeira para participar.
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