quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Viver depois de ti de Jojo Moyes

Moyes
Sinopse: 
Louisa Clark é uma jovem com uma vida banal - um namorado estável, trabalhador e uma família unida - que nunca saiu da aldeia onde sempre viveu. Quando fica desempregada, vê-se obrigada a aceitar um emprego em casa de Will Traynor, que vive preso a uma cadeira de rodas, depois de um acidente. Ele sempre tinha vivido de um modo trepidante - grandes negócios, desportos radicais, viajante incansável - agora tudo isso ficou para trás.

Will é mordaz, temperamental e autoritário, mas Lou recusa tratá-lo com complacência e em breve a felicidade e o bem-estar dele tornam-se muito mais importantes do que ela esperaria. No entanto, quando Lou descobre que Will tem planos inconfessáveis para a sua vida, ela luta para lhe mostrar que ainda assim vale a pena viver.

Em Viver depois de ti, Jojo Moyes aborda um tema difícil e controverso, com sensibilidade, obrigando-nos a refletir sobre o direito à liberdade de escolha e as suas consequências.
Uma vez ouvi alguém dizer num vídeo ou num post, não me lembro, que achavam que este livro transmitia a mensagem de que as pessoas nesta condição deviam todas recorrer à eutanásia.

Quando comecei a ler o livro ia de mente aberta, mas essa expressão nunca me saiu da cabeça e o que que tenho a dizer sobre isso é: nós não sabemos o que as outras pessoas sentem. Nós não podemos dizer que o livro passa uma mensagem de que todos os que se encontram nesta condição se devem eutanasiar. Muito pelo contrário, eu acho que este livro mostra a história de uma pessoa que ama alguém e tenta mudar a sua visão da vida.

Este livro é sobre escolha. Sobre a escolha que nós queremos para nós, sobre a escolha que pensamos ser a melhor para os outros e, acima de tudo, a escolha mais difícil que se pode fazer na vida: a de morrer. Porque apesar de "morrer ser fácil", é difícil viver com dores todos os dias da nossa vida. 

Eu já tinha visto o filme (trailer) antes de ler o livro e confesso que a única coisa que me lembrava era o final e, claro, os atores que interpretavam os protagonistas (que estão na capa desta edição), por isso quando me foi apresentava a Louisa Clark eu já tinha "encaixado" a cara da atriz do filme e não comecei o livro completamente isente de spoilers.

A diferença mais discrepante foi mesmo o Will. O do filme não tem nada a ver com o do livro, e quem ler o livro entende. O Will do livro é mais sensato e pelas suas conversas percebemos outro nível de maturidade.

E até o nome dele tem significado: Will, vontade, força de vontade... E é isto que este homem é: uma pessoa cheia de ideias fixas e com vontade de levar avante pelo menos a decisão que pode tomar sozinho.

A Louisa Clark é sempre aquela estrelinha brilhante na vida de todos, não só da família de Will como da sua família.

DE-TES-TEI a irmã dela no livro! Mesmo depois de começar a ajudar a Lou notava-se que era tudo com segundas intenções (a.k.a egoísmo).

O namorado da Lou, que quase passou despercebido no filme, tem um papel considerável no livro. Gostei disso, mas o "tempo de antena" que teve no livro só me fez desgostar ainda mais da personagem. 

E esta tradução do título do livro? Deixem que vos explique, o título original é "Me before you", logo, literalmente, "eu antes de ti" ou até como é dito no brasil "Como eu era antes de você". Logo "Viver depois de ti" só pelo nome já parece um segundo livro para quem só conhece o título em inglês... Quando procurei o livro andei às voltas até descobrir que este realmente era o primeiro. E confesso que devido a esta tradução do título fiquei um pouco de pé atrás com a tradução do livro, mas rezei e confiei que o livro estivesse conforme o original.

Moyes

Achei o tema do livro muito pertinente! Este assunto foi debatido à pouco tempo em Portugal e a legalização da eutanásia foi rejeitada.

Penso que é uma decisão MUITO complicada, mas quem tem que decidir é quem está naquela posição, é quem tem que viver diariamente em determinadas condições. E penso que pelo menos deve ser dada a opção de dizer "sim", deve ser dada uma saída digna. Porque a eutanásia não se trata de matar a torto e a direito, não se trata de cometer homicídio, trata-se de dar uma escolha digna a alguém que se quiser mata-se na mesma, só que neste caso pode escolher morrer em paz e rodeado dos seus entes queridos.

A decisão não é de quem fica, é apenas e exclusivamente de quem está a sofrer e quer ter um fim de vida digno, enquanto ainda pode dizer aquilo que quer.

Chorei baba e ranho no fim do livro. Sofri durante toda a leitura pela Louisa e sofri pelo Will, mas, apesar disso, este é, sem dúvida, num livro que recomendo a toda a gente, sem exceção.

Classificação: ★★★★☆

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Poder de Naomi Alderman

Poder

Sinopse: Quando as raparigas ganham o poder de causar sofrimento e morte, quais serão as consequências?
E se, um dia, as raparigas ganhassem subitamente o estranho poder de infligir dor excruciante e morte? De magoar, torturar e matar? Quando o mundo se depara com esse estranho fenómeno, a sociedade tal como a conhecemos desmorona e os papéis são invertidos. Ser mulher torna-se sinónimo de poder e força, ao passo que os homens passam a ter medo de andar na rua, sozinhos à noite.

Ao narrar as histórias de várias protagonistas, de múltiplas origens e estatutos diferentes, Naomi Alderman constrói um romance extraordinário que explora os efeitos devastadores desta reviravolta da natureza, o seu impacto na sociedade e a forma como expõe as desigualdades do mundo contemporâneo.

Nem sei bem como começar esta resenha. Foi um livro tão bom que me deixou sem palavras no momento em que virei a última página.

Li este livro para o NetBookClub do mês de Setembro e para primeira participação não podia ter começado melhor.

Como puderam ver pela sinopse, neste livro temos uma distopia em que as mulheres possuem um poder que lhes dá supremacia sobre os homens.

A história é abordada pelas perspetivas de 4 personagens: Allie, Roxy, Tunde e Margot. Eventualmente é narrada por outros personagens mas estes são os principais, por assim dizer.

Allie é uma rapariga americana que vive numa família adotiva que abusa física e mentalmente dela.

Roxy é filha de um Líder de um gangue londrino.

Tunde não passava de um rapaz universitário até se descobrir o Poder. Depois disso, este rapaz Nigeriano, dedicou a sua vida a reportar notícias sobre esta transformação mundial.

Margot é uma política americana cujo Poder foi "ativado" pela sua filha Jocelyn.

Poder

Esta distopia mostra-nos como as mulheres, depois de ganharem este Poder, tratam os homens. Mostra-nos como os homens passam a temê-las e percebe-se claramente aquilo que, atualmente, uma mulher passa e sente quando um homem decide que é superior a ela.

Muitos dizem que este livro é sobre feminismo, mas é exatamente o contrário.

Este é um livro que fala sobre inversão de papéis, que aborda o "e se fossem vocês a sofrer o que nós sofremos? e se fossem vocês a sentir aquilo que nós sentimos?"

No ano passado fiz um texto sobre o feminismo, cliquem AQUI para (re)ler.

Gostei que o livro fosse contado em contagem decrescente para um qualquer evento que iria acontecer, mas não achei o final estrondoso, tipo "BUUUM", isto é, não foi tão impactante como estava à espera.

Uma coisa que A-DO-REI foi terem narrado o livro também da perspetiva de um homem, o que permitiu perceber o lado dos homens neste mundo novo.

Este livro foi escrito para chocar e, acima de tudo, para abrir os olhos a muitas pessoas. Para verem que as mulheres aqui fazem o que fazem "porque podem", tal como os homens fazem nos dias de hoje...

Apesar de ter dado 5* no goodreads, admito que a construção das personagens não foi lá muito bem feita, pelo simples facto de que se passaram 10 anos e não se vê claramente a evolução/crescimento de cada uma delas, a não ser talvez na Roxy.

E por falar na Roxy, esta foi a minha personagem favorita, em parte pela pena que tive dela no fim (por motivos que não vos vou contar ;) ).

No início é indicado que o livro é um romance histórico e ao longo deste são apresentadas algumas ilustrações e  descobertas que, supostamente, foram feitas ao longo dos anos. Adorei isto, deu outro ar ao livro e confesso que no início pensei: Mas espera aí, será que encontraram mesmo isto?

Penso que todos os homens deviam ler este livro, apesar de ter quase a certeza que muitos não vão gostar de ler o que lhes aconteceria se estivessem na nossa pele, se tivessem medo ao andar na rua à noite, se tivessem medo de um olhar errado se traduzir em violência, etc.

Penso que O Poder teve o objetivo de mostrar como as mulheres são tratadas e como uma inversão desse poder pode traduzir-se na sociedade.

Lá na live da discussão do grupo, foi também falado, por comparação, em " A História de uma Serva", cujo livro já li e tenho resenha (para ler clica AQUI). Acredito que sim, podem ser objeto de comparação em termos de serem ambos distopias e acredito que quem gostou de um destes livros irá gostar do outro. Principalmente pelas premissas que ambos os livros nos oferecem.

A organizadora do NetBookClub é a Cláudia do blog A mulher que ama livros e o livro do mês de Outubro é "Pão de Açúcar" de Afonso Cabral . Pensam juntar-se a este grupo incrível em que lemos livros e depois os discutimos todos juntos no terceiro fim de semana de cada mês?

O que acharam do que vos contei deste livro? Já leram? Acham que deve ser comparado à [A] História de uma Serva? Contem-me tudo nos comentários ;)

Classificação: ★★★★★