As falsas amizades são como telhas quebradas. Estragam o nosso telhado e nada mais são do que inúteis.
É Verão. O sol brilha, não há brisa que sopre. Conhecemos
pessoas parecidas connosco e criam-se amizades com promessas de ser para
sempre. O mar está calmo e o céu limpo. A vida está numa fase de
bom tempo, sem furacões, tsunamis ou qualquer perigo que ameace o nosso bem estar. O sol põe-se, o sol nasce, a amizade
parece estar firme.
O Outono chega e tudo começa a ficar menos bem. O vento que
chega e nos desalinha o cabelo, o horário de verão acaba, os problemas começam
a chegar. A vida complica. A amizade parece que não fica...
E o Inverno chega e lá bem no meio da tempestade surge uma
telha quebrada, uma aqui, uma ali. Cada vez mais com o passar do tempo,
proporcionalmente à quantidade de complicações na nossa vida. Nos dias de mau
tempo chove para dentro da casa, gota a gota... E não há nada que se possa fazer. No meio da tempestade
não podemos subir ao telhado e consertá-lo, não podemos trocar simplesmente as
telhas, temos que esperar.
Uma telha quebrada dá-nos a falsa sensação de proteção.
Pensamos que estamos a salvo da chuva mas não. Quando menos esperarmos mais uma
telha poderá permitir que a água entre, não nos dando o alento para a qual foi
destinada, o alento que uma amizade deve dar.
É nos maus momentos que se veêm como são as pessoas, como
nos bons momentos é fácil dar conforto e sorrisos, mas como no Inverno rigoroso
é difícil permanecer firme e a amizade intacta. Mas um telhado requer uma
constante reparação.
A minha casa tem um telhado cheio de telhas quebradas. Meto
a tigela e vou para a rua. Prefiro molhar-me à chuva do que sentir esta falsa
proteção, sentir que não estou sozinha quando o estou. Se é para ter telhas
de faz de conta, prefiro viver sem telhado. Assim sei com o que posso contar.
Quando o bom tempo chegar, quando a razão me guiar, de
olhos secos e coração frio irei subir ao telhado, retirar todas as telhas
quebradas e colocar novas. Novas pessoas, novos pensamentos e novos projetos
que façam a minha casa ficar seca e segura.
Colocarei todas as telhas boas da minha vida e sei que
estas me protegerão de todas as tempestades que por aí virão. E quando estas
faltarem, quando as telhas de qualidade escassearem... Ah! Deixo mesmo assim...
Deixo para que de dia possa receber o calor do sol e para que à noite possa
observar o universo de oportunidades que tenho pela frente.
Brenda C.
(22-10-2015)
(22-10-2015)