Filipa H. está sentada na sua secretária a refletir. Olha para a parede lisa do seu quarto e como se estivesse a ver um filme recorda momentos cruciais da sua vida.
Tinha exatamente dezassete anos, quarenta e quatro dias, sete horas e dois minutos de vida quando a maior desilusão da sua vida a atingiu. Podem pensar que com aquela idade ela não faz ideia do que a esperava no futuro, e têm razão, mas ela achava que já sabia tudo e não sejamos tão duros com ela até porque alguma coisa ela já haveria de saber, não é verdade?
Sabendo o suficiente sobre confiança, ela presumiu que quando se confia ou deixa confiar essa atitude é para sempre, não se podendo simplesmente desiludir ou ser desiludida por uma pessoa sem mais nem menos.
Foi exatamente isso que não aconteceu! Confiou e traíram essa confiança que foi depositada, deu segunda oportunidade, mas a situação voltou a repetir-se. Que fazer? Ela não sabia. Não queria falar sobre isso com ninguém. Queria que aquilo não tivesse acontecido. Queria que as mentiras não tivessem existido. Mas elas existiram...
"Confiança uma vez quebrada, jamais restabelecida", não é? Porém, quando lhe dizem "Se não arriscas não petiscas", continua a acreditar que vai ser diferente, embora não seja essa a verdade.
E é olhando para a sua parede branca e melancólica que lhe ocorrem estes pensamentos, é olhando para aquele pedaço do mundo que se encontra e reflete sobre todas as adversidades que teve de ultrapassar para que a sua alma permanecesse eternamente inquebrável.
E foi assim que Filipa Helena deixou de confiar nas pessoas.