segunda-feira, 12 de julho de 2021

Contos da Imprudência de Pedro Paulo Câmara

 

Comprem este livro: Letras Lavadas Livraria

Sinopse: “Medo e Mito. Morte e Amor. Solidão e Desesperança. Talvez Medo e Mito, informes e famintos, alicercem o Amor ou a Solidão. E talvez tanto um como outro tenham garras e forças suficientes para rasgar o ventre e a alma de cada ingénuo humano. Desfazemo-nos no vagar dos dias e compomo-nos de Imprudências que se amontoam ao entardecer.

Em Contos da Imprudência, forças titânicas assumem o controlo - e o destino- de cada personagem, reflexo de mil homens e mil mulheres sem opção, desarmados.”

Em primeiro lugar, agradeço ao autor Pedro Paulo Câmara a oferta do exemplar para opinião literária honesta. 

Contos da Imprudência é uma antologia de contos submetidos em concursos de escrita em que este autor micaelense participou e outros inéditos.  

Através dos contos que nos apresenta, Pedro Paulo Câmara desafia a nossa perceção dos limites entre o amor e a morte, entre o egoísmo e a solidão, entre o arrependimento e o destino, e de tantas outras coisas que muitas vezes a nossa alma luta para lidar, seja por imaturidade ou por dificuldade em conseguir entender ou suportar.

O meu conto favorito foi o "Sob Asas". É um conto que nos fala sobre sair da ilha e voltar, o que é ser ilhéu na distância e na proximidade, fala sobre abandonar quem somos para fugir à dor, sobre viver dormente e sem aproveitar a vida por conta do arrependimento que sentimos e é, acima de tudo, um conto sobre a necessidade de nos perdoarmos por aquilo que está fora do nosso controlo. É um conto sobre crescer e ser capaz de voltar ao lugar a que associamos essa dor.

Deixo-vos a minha citação favorita:
"Aqui, nestas ilhas, a essência de cada um é absorvida pela alma da terra, pelo espírito do mar, pelo sentir dos cumes e das crateras. Como sabe bem ser-se uno, viver-se em comunhão com este solo negro. Como sabe bem alimentar-me do cheiro a enxofre que inunda os sentidos sem permissão. Só na distância me apercebi da importância destas montanhas eretas no meio do Atlântico. Fui um ilhéu, na distância. Sou menos ilhéu na proximidade."
De um modo geral, e tentando não adiantar muito mais, porque o livro é pequeno e não vos quero revelar muito, achei a escrita muito versátil (por ter contos mais leves e outros mais "dark"), extremamente poética (revelando um pouco do background do autor) e adorei as subtis críticas sociais/ políticas! Todos estes aspetos fizeram esta leitura ser muito interessante 

Ficaram curiosos com este livro? Gostam de ler livros de contos? Qual o último que leram?

Classificação: ★★★★☆ (4/5)

Com amor, Brenda

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