quarta-feira, 7 de julho de 2021

A Cozinheira de Castamar (La cocinera de Castamar) de Fernando J. Múñez

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Sinopse: Espanha, 1720

Clara Belmonte é uma jovem de uma família abastada que, após a morte do patriarca, um dos mais prestigiados médicos de Madrid, se vê cair na mais completa pobreza.
Apesar da educação primorosa que recebeu, Clara precisa de uma forma de sustento e acaba por se candidatar a um trabalho nas cozinhas do palácio ducal de Castamar, que conquista graças ao talento para a culinária que herdou da mãe.
Clara não é bem recebida nos primeiros tempos. A sua eloquência, bem como o rigor na limpeza das cozinhas e a ousadia no requinte dos pratos, depressa a elevam na atenção dos habitantes da casa e no ciúme dos colegas de trabalho.
Mas é Dom Diego, o duque de Castamar, quem Clara mais impressiona. Arrancando-o à apatia absurda em que vive desde o estranho falecimento da mulher, a jovem cozinheira fá-lo derrubar todas as barreiras, despertando-lhe o palato, o intelecto e, por fim, o coração.

Em primeiro lugar, agradeço à Porto Editora a cedência do exemplar para opinião literária honesta.

A história de A Cozinheira de Castamar desenvolve-se no contexto da sociedade espanhola do século XVIII sob o reinado de Filipe V, onde conhecemos Clara Belmonte, uma cozinheira que sofre de agorafobia.

Clara sempre mostrou um talento especial para cozinhar e depois do seu pai, Doutor Belmonte, morrer na guerra, teve que transformar esta sua paixão em algo que a pudesse ajudar a sobreviver indo assim parar à casa de Diego, Duque de Castamar, viúvo há 10 anos e que se encanta com os cozinhados desta Belmonte.

Um aspeto interessante deste livro é que, apesar do seu nome, nem toda a história é focada na história da cozinheira. O autor dá espaço para conhecermos todas as personagens e as vermos evoluir ao longo da narrativa e isso é um dos aspetos que torna este livro tão enriquecedor.

Ao passarmos de narrador em narrador (penso que são cerca de 10 narradores) conseguimos ter uma visão geral da história como um todo. Dessa forma, conseguimos aceder a todos os cantos, recantos e, principalmente, aos pontos cegos de cada personagem e isso torna a história ainda mais incrível.

Mesmo com essa quantidade de narradores não ficamos absolutamente nada confusos com a história, muito pelo contrário. Sentimos que o enredo é-nos apresentado por completo e através dessas várias perspetivas aprendemos sobre o passado e motivações de cada indivíduo envolvido nesta trama. Aprendemos que todos têm os seus motivos para agir de determinada forma e, desse jeito, não os conseguimos julgar nas suas decisões e atitudes.

Além disso, o autor, ao mesmo tempo que nos apresenta cenas mais relaxadas com algum erotismo ao longo da narrativa, consegue ainda focar-se em temas extremamente sérios como o racismo, o machismo e a homossexualidade numa época em que era impensável aceitar um negro numa mesa de brancos, por exemplo, e não se limita a deixar estes temas à toa na história. Fernando J. Múñez cria paralelismos entre as personagens e as suas visões do mundo, cria debates e, acima de tudo, cria alguma desconstrução de preconceitos à medida do que seria possível desconstruir já naquela época.

Uma perceção que é muito interessante e desconstruída é a visão do que é o amor e do que é amar: o amor é o que nos faz viver ou o que nos mata? É a nossa salvação ou o nosso infortúnio? Eleva-nos o espírito ou mata-o aos poucos? É normal o amor entre duas pessoas de diferentes cores ou géneros iguais? 

O único ponto negativo que posso apontar neste livro é o tamanho dos capítulos, que, pelo menos para mim, não são amigos de quem tem uma vida um pouco mais corrida e não se pode sentar a ler um capítulo do início ao fim. Mas fora isso, adorei o livro e não o achei nem um pouco aborrecido.

E as receitas? Ai as receitas! Ficava a salivar só de pensar no que a Clara Belmonte descrevia! Senti que podia experimentar estas receitas e dar grandes jantaradas.

Posto isto, com tudo o que já vos descrevi, percebo perfeitamente o porquê de a 9 de julho estrear a série na Netflix, porque este livro super merece uma adaptação e espero que esteja à altura do livro.  Eu, seguramente, estarei colada ao ecrã nesse dia para ver a adaptação e, apesar de não ter visto a personagem "Gabriel" no trailer da série, espero honestamente que, pelo menos, nesse aspeto a série se tenha mantido fiel e não tenha cortado a personagem do elenco por algum motivo.

Classificação: ★★★★★ (4,5/5)

Com amor, Brenda

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