quinta-feira, 22 de outubro de 2015

As falsas amizades são como telhas quebradas



Este gif não me pertence e desconheço o seu autor, pelo que lhe concedo o título de "Direitos Reservados". Caso conheças ou sejas o autor dele identifica-te nos comentários e dar-te-ei os devidos créditos.

As falsas amizades são como telhas quebradas. Estragam o nosso telhado e nada mais são do que inúteis.

É Verão. O sol brilha, não há brisa que sopre. Conhecemos pessoas parecidas connosco e criam-se amizades com promessas de ser para sempre. O mar está calmo e o céu limpo. A vida está numa fase de bom tempo, sem furacões, tsunamis ou qualquer perigo que ameace o nosso bem estar. O sol põe-se, o sol nasce, a amizade parece estar firme.

O Outono chega e tudo começa a ficar menos bem. O vento que chega e nos desalinha o cabelo, o horário de verão acaba, os problemas começam a chegar. A vida complica. A amizade parece que não fica...

E o Inverno chega e lá bem no meio da tempestade surge uma telha quebrada, uma aqui, uma ali. Cada vez mais com o passar do tempo, proporcionalmente à quantidade de complicações na nossa vida. Nos dias de mau tempo chove para dentro da casa, gota a gota... E não há nada que se possa fazer. No meio da tempestade não podemos subir ao telhado e consertá-lo, não podemos trocar simplesmente as telhas, temos que esperar.

Uma telha quebrada dá-nos a falsa sensação de proteção. Pensamos que estamos a salvo da chuva mas não. Quando menos esperarmos mais uma telha poderá permitir que a água entre, não nos dando o alento para a qual foi destinada, o alento que uma amizade deve dar.

É nos maus momentos que se veêm como são as pessoas, como nos bons momentos é fácil dar conforto e sorrisos, mas como no Inverno rigoroso é difícil permanecer firme e a amizade intacta. Mas um telhado requer uma constante reparação. 

A minha casa tem um telhado cheio de telhas quebradas. Meto a tigela e vou para a rua. Prefiro molhar-me à chuva do que sentir esta falsa proteção, sentir que não estou sozinha quando o estou. Se é para ter telhas de faz de conta, prefiro viver sem telhado. Assim sei com o que posso contar.

Quando o bom tempo chegar, quando a razão me guiar, de olhos secos e coração frio irei subir ao telhado, retirar todas as telhas quebradas e colocar novas. Novas pessoas, novos pensamentos e novos projetos que façam a minha casa ficar seca e segura.

Colocarei todas as telhas boas da minha vida e sei que estas me protegerão de todas as tempestades que por aí virão. E quando estas faltarem, quando as telhas de qualidade escassearem... Ah! Deixo mesmo assim... Deixo para que de dia possa receber o calor do sol e para que à noite possa observar o universo de oportunidades que tenho pela frente.
Brenda C.
(22-10-2015)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Carta ao meu melhor amigo

Sei que provavelmente não irás ler isto e se leres nem te irás aperceber que é de ti de quem falo, pois achas sempre que tudo está bem, mesmo que eu to diga que não está.

Faz hoje um ano que nos chateamos. Por um esquecimento parvo, por seres demasiado orgulhoso para me perdoar.

Cada um prosseguiu com a sua vida, por caminhos diferentes e nunca nos esquecemos. Falámos e voltamos a ficar amigos, porém por pouco tempo.

Começaram a surgir obstáculos, um rapaz que me fez esquecer a mágoa de te ter perdido, vinte raparigas (ou mais até, não consigo acompanhar) que inconscientemente usaste para me esquecer, o trabalho, os estudos, muita coisa. A culpa até se calhar foi minha, não sei. Por ter seguido em frente primeiro do que tu, por não ter esperado pelo teu perdão. Por me ter fartado de chorar noites a fio...

Mas não me podes culpar, pensei que esse perdão nunca iria vir, que esperar por ele seria como esperar por uma gota de água no deserto. És e sempre foste demasiado casmurro para admitir que erraste no que quer que seja, que erraste ao dizer-me todas aquelas coisas, por algo que na altura até podia ter alguma importância, mas que com o passar do tempo era um absurdo.

Eu também errei, claro. Ao dizer que te odiava e preferia nunca te ter conhecido e sabes bem que queria mesmo dizer aquilo. Não eram simples palavras de dor, era a verdade. Naquela altura, preferia mesmo nunca te ter conhecido, nunca termos sido felizes juntos, nunca nos termos apoiado sequer. Preferia mil vezes não te ter tido alguma vez do que não te ter agora, depois de tudo.

Sempre me perguntaste se era feliz. Como se ao te responder que não entrasses logo num avião e me viesses trazer a felicidade. E sempre te respondi que sim, que era e sou feliz. Sou feliz sem ti. Sempre fui, mesmo antes de te conhecer era feliz. Mas sabes bem que fizeste transbordar algo em mim. Agora simplesmente há um espaço em branco, um vazio no lugar em que tu estavas. Há uma peça em falta no puzzle do meu coração, da minha vida. É um vazio que dói, um vazio que sei que só tu podes preencher.

Sei que isto soa muito a "As palavras que nunca te direi" de Nicholas Sparks, porém sabes bem que tudo o que tinha para dizer te disse. Escrevo-te isto pela simples razão de que sempre que tento iniciar uma conversa contigo para te falar de tudo o que se anda a passar ou não me respondes, ou se o fazes é só milénios depois (Sim! Provavelmente seria mais eficaz enviá-la por correio, talvez obtivesse a resposta em 2 meses com sorte...). E quando respondes dizes que são coisas da minha cabeça, que não nos estamos a afastar, nada disso. Com sorte falamos 2x nos últimos 2 meses e foi porque eu puxei assunto e me digitaste uma resposta rápida para depois me voltar a esquecer.

Sabes que não te quero perturbar nesta vida nova, mas só quero que saibas que após um ano a distância do mar que nos separa se tornou real (talvez até tenha duplicado) e apesar de achares que está tudo bem, desengana-te. Se achas que basta chamar-te no chat que me respondes, desengana-te. Há muito que esta amizade é só num sentido e não sou mulher para implorar atenção. Especialmente não a tua.

Estás a perder-me cada vez mais todos os dias e só quero que saibas que quando tomares juízo e vieres preencher aquele vazio já eu terei aprendido a viver com ele. Não te peço para me esqueceres porque tenho a certeza que já o fizeste, pelo menos por enquanto, pois de momento não precisas de mim. Peço-te sim que quando te lembrares e tentares resgatar tudo o que fomos não o faças.  Não sou de amizades às prestações. Deixa-me ir como te estou a deixar ir agora.

Com saudades tuas,
Da tua outrora confidente e grande amiga.

(Filipa Helena, 08-10-2015)